Doações de sangue no Brasil podem conter Zika: há perigo?

26 dezembro, 2019

Matéria postada no site minhavida.com.br com minha participação:


Doações de sangue no Brasil podem conter Zika: há perigo?

Estudo realizado em São Paulo aponta que os bancos de sangue no Brasil podem estar usando coletas contaminadas por Zika; entenda os riscos


Pesquisadores brasileiros estão chamando atenção para a possibilidade de uma nova forma de transmissão do Zika vírus, além da picada do mosquito Aedes aegypti infectado: a transfusão de sangue.


Um estudo recente realizado pelo Hemocentro de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, indicou que os bancos de sangue de todo o Brasil podem estar, desde 2016, coletando e utilizando regularmente o sangue de doadores que são portadores do vírus.

A estimativa levou em consideração dois pontos primordiais nesse cenário: primeiro, o fato de que a maioria dos pacientes com a doença não apresenta sintomas; e, segundo, que o teste para detecção do Zika na doação de sangue não é obrigatório no Brasil.


Transmissão do Zika vírus

O Zika (ZKV) é um vírus transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti Aedes albopictus infectados. Após picar alguém com a doença, os insetos podem transmitir o ZKV por toda vida a outros indivíduos saudáveis.

Em geral, os sintomas da doença incluem febre, dor nas articulações, dor muscular, manchas no corpo e conjuntivite. Porém, cerca de 80% dos portadores de Zika vírus não apresentam nenhum sinal da doença, de acordo com o Centro Europeu para Controle e Prevenção de Doenças.

Devido à ausência de sintomas, em 2015, muitos nascimentos de bebês com microcefalia no Brasil foram ligados à transmissão do vírus por meio da gravidez. Isso porque as mães, muitas sem saber que estavam infectadas, passaram a doença aos seus fetos.

Assim, o Zika ganhou maior notoriedade e vigilância da população, sendo que, em 2019, quase 11 mil casos da doença foram registrados no país, segundo o Ministério da Saúde.

Além da transmissão por picada de mosquito e gravidez, a infecção do Zika vírus também pode acontecer por relação sexual, entre a pessoa contaminada e seus parceiros(as), e por transfusão de sangue.


Há riscos na transfusão de sangue?

Exigências para a coleta

Apesar do dado encontrado pelos pesquisadores brasileiros, é importante ressaltar que existe uma série de exigências sanitárias para a coleta de sangue no Brasil. Antes da doação, é obrigatório que os candidatos passem por uma triagem clínica, que consiste em uma entrevista individual e sigilosa sobre seus antecedentes e atual estado de saúde.

Nesta etapa, é aplicado um questionário que, desde 2016, pergunta se o doador teve Zika vírus. Em caso de resposta positiva, a coleta é suspensa.

Contudo, como a maioria dos portadores da doença não apresentam sintomas, é provável que muitos candidatos assinalem que nunca tiveram o vírus.

Por determinação do Ministério da Saúde, uma amostra de todo sangue coletado deve ser testada antes da transfusão, a fim de rastrear algumas doenças, como: HIVhepatites virais (do tipo B e C), sífilis Doença de Chagas. Se alguma das enfermidades for detectada, o sangue é descartado e não ocorre a transfusão.

Falta de diagnóstico do Zika vírus

Por outro lado, como os doadores assintomáticos do Zika não identificam a doença e não há exame obrigatório para detecção do vírus no sangue coletado, é possível que ainda haja a transmissão do patógeno via transfusão.

As análises feitas pelos pesquisadores do Hemocentro de Ribeirão Preto indicam que, entre os doadores de sangue, a presença do Zika vírus no sangue tem aumentado nos últimos anos, passando de 5,3% em 2015 para 13,2% em 2017.

Para Marianna Martins Lago, infectologista no Instituto Emílio Ribas, de São Paulo, "em momentos de maior circulação de Zika, é possível que algumas pessoas infectadas e assintomáticas (que são a maioria dos casos) doem sangue" e, assim, o vírus seja transmitido por via transfusional.

Perigos são mínimos

De acordo com a médica, são raríssimos os casos graves de Zika vírus. Isso porque grande parte das ocorrências são assintomáticas (sem manifestação da doença) ou oligossintomáticas (com poucos sintomas e não são incapacitantes). Isso quer dizer que os riscos relacionados ao uso de sangue infectado não são, necessariamente, relevantes.

A especialista alerta ainda que as incidências mais sérias de Zika vírus ocorrem, normalmente, em mulheres infectadas que estão em tentativa de engravidar ou que já estão gestantes.

Nesse sentido, grávidas que apresentam Zika vírus podem ter filhos com microcefalia e Síndrome de Guillain-Barré, enfermidades que podem resultar em deformidades dos ossos, fraqueza, paralisias e deficiência dos músculos que controlam a respiração.


Precauções a serem tomadas pelos doadores de sangue

Para quem deseja doar sangue e não sabe se apresenta o Zika vírus (ou quer se prevenir da doença), há certas atitudes que podem ser tomadas, como:

  • Realize o exame para análise de PCR no sangue (reação de cadeia de polimerase), capaz de detectar o Zika vírus e outras arboviroses.
  • Mantenha sua carteira de vacinação em dia.
  • Tome a vacina contra febre amarela: pesquisadores do Rio de Janeiro constataram que a vacina de febre amarela pode auxiliar na proteção contra o Zika vírus.
  • Informe o hemocentro ou banco de sangue sobre qualquer sintoma anormal que surgir nos 7 dias seguintes à doação.
  • Faça exames regularmente: somente assim você estará a par de todos os detalhes de sua saúde.
  • Mantenha uma vida saudável: ter uma alimentação balanceada e fazer exercícios regularmente são ações essenciais para uma melhor qualidade de vida e, consequentemente, uma maior imunidade contra doenças.


Pelos hemocentros e bancos de sangue

No Brasil, o teste para detecção do Zika vírus em bancos de sangue não é obrigatório, não integrando o protocolo de rastreio de doenças para transfusão. Apesar disso, a infectologista Marianna Martins reforça alguns cuidados que podem ser realizados:

  • Evitar doações de sangue de pessoas provenientes de áreas em que o Zika vírus esteja em grande circulação.
  • Dispensar doações de sangue de pessoas que apresentem sintomas compatíveis com o Zika vírus (febre, mal-estar, dor de cabeça, dor muscular, dor nas juntas, dor de cabeça, conjuntivite).


Razões para você se convencer a doar sangue

Apesar do cenário levantado pelos pesquisadores, os bancos de sangue, hemocentros e hospitais de todo o Brasil estão em constante campanha para doação de sangue, visto que a demanda por transfusão é grande e pode salvar vidas.

Para isso, confira 9 explicações científicas do porquê você deve doar sangue:

1. Cada doação de sangue pode salvar até 4 vidas.

2. Não há como substituir o sangue: a doação é a única saída para salvar vidas.

3. Quando a pessoa apresenta qualquer sintoma de doenças, ela é impedida de doar sangue, a fim de preservar a integridade de quem receberá o sangue.

4. Em caso de doenças assintomáticas, a probabilidade delas serem repassadas ao paciente que recebeu a doação de sangue e se manifestarem é mínima.

5. O organismo do doador repõe rapidamente o sangue doado.

6. Doar sangue não altera a densidade e características do sangue.

7. Todo o processo é individual e sigiloso.

8. Todas as etapas da doação de sangue são acompanhadas por profissionais especializados, que irão te orientar antes, durante e após a coleta.

9. Ajudar outras pessoas é fazer o bem a todos, até a si mesmo.


Processo de doação de sangue

Descubra se você cumpre os requisitos para doar sangue.

Conheça o passo a passo para a coleta de sangue.

Entenda como seu corpo reage após doar sangue.

 

Lavagem das mãos

8 setembro, 2019

Você sabia que grande parte das infecções comuns, como resfriados, gripes, parasitoses intestinais e muitas outras, são transmitidas habitualmente por mãos contaminadas.

Mesmo as infecções respiratórias, que podem ser disseminadas através da tosse ou do espirro, são transmitidas com mais frequência pelas mãos do que pelo ar. Por isso, lavar as mãos é uma das medidas mais importantes para impedir que você fique doente e também é capaz de interromper a transmissão de infecções virais, bacterianas e parasitárias para outras pessoas.

LAVE AS MÃOS!!! #infeccoes #infeccoesvirais #infecoesbacterianas #infeccoesparasitarias #lavesempreasmaos #alcoolgel #etiquetadatosse #infeccoesdeinverno

 

Lavagem das mãos

8 setembro, 2019

Você sabia que grande parte das infecções comuns, como resfriados, gripes, parasitoses intestinais e muitas outras, são transmitidas habitualmente por mãos contaminadas.

Mesmo as infecções respiratórias, que podem ser disseminadas através da tosse ou do espirro, são transmitidas com mais frequência pelas mãos do que pelo ar. Por isso, lavar as mãos é uma das medidas mais importantes para impedir que você fique doente e também é capaz de interromper a transmissão de infecções virais, bacterianas e parasitárias para outras pessoas.

LAVE AS MÃOS!!! #infeccoes #infeccoesvirais #infecoesbacterianas #infeccoesparasitarias #lavesempreasmaos #alcoolgel #etiquetadatosse #infeccoesdeinverno

 

INDETECTÁVEL = INTRANSMISSÍVEL

29 julho, 2019

O vírus da imunodeficiência humana tem uma longa trajetória ao longo dos últimos anos e muitas coisas mudaram do início da década de 80 quando surgiram os primeiros casos até hoje.


HISTÓRICO:

                1981 = Primeiros casos da doença

·        1982 = Primeira descrição da AIDS

·        1983 = Descoberto que o causador é um vírus similar ao vírus de imunodeficiência dos símios

·        1986 = O vírus recebe o nome de HIV (human immunodeficiency vírus)

·        1987 = Primeiro antirretroviral = AZT

·        1996 = HAART (terapia antirretroviral de alta potência)

·        2008 = Carga Viral negativa há mais de 6 meses = sem transmissão sexual

·        2012 = PrEP (profilaxia pré-exposição)


COMO SE TRANSMITE O HIV?

ONDE O VÍRUS ESTÁ?

·        Sangue, sêmen, secreção vaginal e leite materno 


Portanto:

Ø     Sexo sem camisinha (vaginal, anal ou oral)

Ø     Mãe para o filho: gestação, parto ou amamentação

Ø     Compartilhamento de agulha ou seringa

Ø     Transfusão de sangue

Ø     Instrumentos diversos (hospitalares, piercing, manicure) não esterilizados



COMO NÃO TRANSMITIR?

·        Sexo seguro = Preservativo

·        PrEP em casais sorodiferentes

·        TARV = TERAPIA ANTIRRETROVIRAL

COMO MELHORAR A ADESÃO?

·        Comparecer às consultas da equipe multidisciplinar

·        Tomar os remédios todos os dias

·        Tomar  os remédios nos horários certos

·        Coletar os exames para verificar o sucesso do tratamento

Ø     Início de tratamento: 6-8 semanas após início da TARV

Ø     Quando estável: a cada 6 meses

·        Não ajustar a dose por conta própria

·        Seguir as orientações médicas


O QUE PODE PIORAR A ADESÃO?

·        Esquemas ARVs complexos: muitos remédios em diversos horários

·        Falta de rede social (não ter familiares ou amigos)

·        Baixa escolaridade

·        Não aceitação da doença

·        Transtornos mentais ou psiquiátricos

·        Efeitos colaterais dos remédios

·        Não gostar do médico ou do serviço

·        Crenças e informações erradas sobre a doença

·        Dificuldade de acrescentar o remédio na rotina do dia-a-dia

·        Álcool e outras drogas

·        Não conseguir chegar no serviço de saúde

·        Medo de sofrer discriminação

·        Idade do paciente (extremos de idade)


COMO MELHORAR A IMUNIDADE?

·        Tomar a medicação corretamente com esquemas simples e sem muitos efeitos colaterais: manter carga viral indetectável e CD4 alto

·        Dormir bem: 7-8 horas por dia

·        Alimentar-se bem: proteínas, carboidratos, gorduras, minerais, fibras

·        Tomar bastante água

·        Atividade física

·        Ganho de massa muscular e redução da gordura corporal

·        Viver sem estresse, atividades de lazer

·        Tratar transtornos mentais

·        Tratar outras doenças crônicas adequadamente: pressão alta, diabetes, colesterol e triglicérides alto, osteoporose, insuficiência do rim, obesidade

 


INDETECTÁVEL = INTRANSMISSÍVEL

AONDE SURGIU ISTO?

·        Estudo na Suiça em 2008:

Ø     Evidências de que Indetectável = Instransmissível

Ø     Se... CARGA VIRAL NEGATIVA POR, PELO MENOS, 6 MESES

Ø     Primeira evidência deste conceito I = I

·        Rede de Estudos em Prevenção do HIV em 2011:

Ø     Compara início precoce e tardio de TARV

Ø     1.763 casais sorodiferentes: 98% heterossexuais

Ø     Redução de 96,4% de transmissão nos casais que a pessoa com HIV iniciou a TARV cedo

Ø     Depois de 5 anos de seguimento, esta proteção manteve-se

        ·        PARTNER 1 – 2016

Ø     1.166 casais sorodiferentes

Ø     58.000 relações sem preservativo

Ø     Incluindo sexo anal receptivo

Ø     Prova científica que não transmite

        ·        PARTNER 2 – 2018

            Ø  Casais homossexuais sorodiferentes

            Ø     77.000 relações sem preservativo

            Ø     Nova prova científica que não transmite

·  Nota técnica do Ministério da Saúde de 14/05/2019 atualiza este conceito: indetectável = intransmissível para Pessoas Vivendo com HIV (PVHIV), desde que:


Ø     carga viral do HIV esteja indetectável há pelo menos seis meses.
A justificativa tem evidências científicas que não se transmite o vírus por via sexual se Carga Viral INDETECTÁVEL.

Por isso:

·        Fazer exame de carga viral a cada 6 meses

Ø     Por que? Quando se para de tomar os remédios, a carga viral volta a ser detectável em 2-3 semanas

Ø     Mesmo assim, ainda usar preservativo nas relações sexuais devido às outras DSTs: sífilis, herpes, gonorreia, clamídia, etc.


Porém:

Ø     Amamentação: ainda NÃO há evidências que justifiquem o conceito I = I, pois o vírus pode ser transmitido para o bebê pelo leite materno, mesmo que a mãe esteja com a carga viral indetectável.


OUTRAS FORMAS DE PREVENÇÃO DO VÍRUS

·        Profilaxia pós-exposição (PEP): 28 dias de TARV após acidentes

Ø     Pérfuro-cortante

Ø     Sangue com sangue

Ø     Relação sexual de risco

·        Profilaxia pré-exposição (PrEP): uso contínuo de TARV – uso principalmente em casais sorodiferentes

Ø     FTC + TDF = 1 comprimido por dia

Ø     A depender da adesão

Ø     Proteção a partir do 7º dia para relações anais

Ø     Proteção a partir do 20º dia para relações vaginais


Não esquecer do preservativo: outras DSTs



 

Plenária na Assembleia Legislativa

7 junho, 2019

https://catracalivre.com.br/cidadania/medica-entrega-a-alesp-226-mil-assinaturas-para-salvar-emilio-ribas/

 

João Doria: não queremos um hospital pela metade, precisamos de recursos URGENTE

29 maio, 2019

Eu me chamo Marianna, sou médica há 10 anos e sempre sonhei em ser infectologista pelo Instituto de Infectologia Emílio Ribas, que existe há 139 anos e enfrentou grandes epidemias, como a meningite, AIDS, influenza, febre amarela, entre outras. Estou criando essa petição para denunciar as condições precárias do hospital!

Minha paixão pela causa está baseada no atendimento aos que mais precisam, diariamente enfrentamos muitos obstáculos para lutar pela vida de todos. Eu ainda estou de pé, pois, acredito na saúde pública e nesse hospital que nunca fechou as portas para ninguém. O amor no Instituto é incondicional, seja com negros, brancos, trans, refugiados, encarcerados, dependentes químicos, lutamos por TODOS.

Mesmo com toda a dedicação dos médicos e funcionários, o Instituto sofreu uma reforma superfaturada e atrasada, que se iniciou em 2014, fechando metade dos leitos, e hoje está com previsão de término para 2022! Estamos trabalhando em condições desumanas, na sujeira, com papelão nos pisos, sem remédios essenciais, como: dipirona, sulfa e até antissépticos!

No último mês, leitos de internação foram fechados e o setor de patologia (essencial para diagnósticos) está em processo de fechamento por falta de funcionários. Estamos sendo ignorados pela Secretaria da Saúde do Estado e precisamos de ajuda!

As pessoas precisam de nossa assistência, lutarei até o fim por meus pacientes. João Doria, não vou me calar! Queremos um hospital digno, precisamos que o Emílio Ribas volte a ser referência e consiga salvar tantas outras vidas. Assine pelos mais pobres! Compartilhe com todos das suas redes sociais!


https://www.change.org/p/joão-doria-não-queremos-um-hospital-pela-metade-precisamos-de-recursos-urgente

 

Afinal, o que é um infectologista?

31 março, 2019

Mesmo com toda disponibilidade de informações que temos e vias de comunicação, muitas pessoas ainda nunca ouviram falar do que se trata um infectologista. 

O que é isso?! Infecto o quê?!

Infectologista é o especialista médico que trata de qualquer doença causada por vírus, bactérias, fungos, protozoários, parasitas e outros animais. Ou seja, qualquer tipo de infecção. Sabe aquela sinusite ou amigdalite bravas que já teve? Sim, é o infectologista quem cuida disso.

Apesar de muitas vezes o otorrino ser o médico que trata sinusite, o pneumologista tratar pneumonia, o urologista tratar infecção urinária, o infectologista é o especialista em todas estas doenças e é o médico que poderá avaliar-lhe e dizer do que se trata esta infecção e como melhor combatê-la.

Tratamos desta infecções comuns, mas também de portadores de HIV, de hepatites virais, de micoses, de tuberculose e das doenças tropicais que frequentemente são esquecidas pelas nossas autoridades e mesmo pela classe médica. A despeito disso, ainda são muito freqüentes no nosso dia-a-dia. Quem não conhece alguém que tenha doença de Chagas? Ou esquistossomose? Ou dengue? Ou leptospirose?

Se você tem dúvidas, tem infecções e procura por um melhor entendimento e orientação destas doenças, procure seu infectologista já!